MATERIAIS COLABORATIVOS

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5.2 – uma pergunta para Brouwer – com Sérgio Assad

SARAIVA

 00:00  as master classes de Leo Brouwer

Em 2010 assisti Leo Brouwer ministrar “master classes” de interpretação
no festival bienal que vem acontecendo em São Paulo, promovido pela USP.
Nessa ocasião percebi uma coisa sobre a qual gostaria de conversar com você.

A música de Brouwer tem um forte vínculo com a música popular tradicional cubana,
na qual o aspecto rítmico é protagonista.[i]
Entretanto, assisti o mestre trabalhar uma de suas composições, com alunos diferentes,
e em nenhum momento o trabalho contemplou, por exemplo, a“estabilidade” do “tempo”.[i]

 00:50 a espontaneidade na tradição oral

 01:48 execução do trecho da peça

 

A composição em questão é Balada de la donzela enamorada, último movimento de El decamerón negro. Peça inspirada no livro homônimo de Leo Frobenius (1873-1938), que apresenta uma coleção de histórias recolhidas pelo antropólogo alemão junto aos “Griots”, figuras emblemáticas para a dinâmica de transmissão oral na condição de detentores ancestrais do conhecimento da cultura africana tradicional.

 

SARAIVA

A peça já inicia com uma estrutura que pode ser sentida como um jogo de pulsações.
[apresento ao violão o trecho mencionado]

SARAIVA

 02:15 polirritmia

[na sequência apenas marco a pulsação,

enquanto articulo vocalmente as inflexões rítmicas dos compassos 3 e 4]

 

ASSAD

É porque a gente tende sempre ouvir a nota mais grave como “down beat”.
Tem alunos meus que tocam isso sentindo o down beat não como você fez, mas ao contrário. E quando você quer fazê-los entender isso e bater o pé, eles não conseguem.

SARAIVA

Assistir repetidas vezes ao mestre cubano foi uma das coisas que me trouxe de volta à universidade. Porém, daquelas “master-classes” me ficou uma dúvida: por que em nenhum momento Leo Brouwer simplesmente bateu o pé?

E tive o prazer de ver você fazer isso recentemente em seu “master-class” na USP, Se debruçando com os alunos no trabalho da aquisição de aspecto fundamentais para a música que mobiliza elementos de natureza rítmica.[i]

Isso mexe com o corpo de uma maneira…

ASSAD

É, diferente.

 03:46 polifonia

SARAIVA

e essencial para a composição. Por outro lado essa música também apresenta o seguinte jogo de alturas, polifônico

[toco os mesmos compassos 3 e 4 com outro enfoque]

 04:36  a pergunta para Leo Brouwer

 04:54  o que me ficou de sua resposta

ASSAD

 05:36 a maioria das pessoas que tocam essa peça não entendem essa rítmica

 06:03 “idioma” cubano distante do ambiente de conservatório

 07:05 como na minha música, de rítmica brasileira

 07:28  tem muita gente que toca o que eu fiz mas…

 08:14 vai melhorando: youtube

  1. LINK com a ideia “aquela coisa rítmica do Leo Browuer” apresentada em – 5.3 – é teu? – no depoimento de Guinga.

  2. LINK com a ideia “só quando fica clara a pulsação você entende a síncope” apresentada em – 2.2 – matrizes ritmicas – no depoimento de Marco Pereira.

  3. Roland Dyens (1955-2016) – ex-professor do conservatório de Paris – atua dessa mesma maneira, como consta no vídeo de uma de suas master classes (especialmente em 07m15s).

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