MATERIAIS COLABORATIVOS

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5.4 – rítmica brasileira – com Marco Pereira

SARAIVA

00:00 ritmos brasileiros – onde começa um e termina outro?

Faço parte do grupo ‘A Barca’ e fomos muito para um Brasil que toca assim
[toca “levada” que transita entre diferentes divisões correntes na rítmica brasileira]
Então às vezes não sei onde começa ou termina, por exemplo, o samba.[i]

MARCO PEREIRA
Você tocou uma mistura de várias coisas.
Começou tocando um pouco como moda de viola.[i]

00:49 chula e samba de roda no Recôncavo Baiano

Já essa coisa do “rebatimento” (entre os dedos “p” e “i”) é típica da chula do recôncavo baiano.

SARAIVA
[segue a execução assumindo divisão do ritmo/gênero mencionado]
Pra mim vem tudo isso misturado.

MARCO PEREIRA
Isso é totalmente baiano.

02:06 viola machete portuguesa e o ponteado da chula

[Marco Pereira discorre sobre as origens do samba de roda, na fusão da rítmica africana e o “ponteado” oriundo da viola braguesa (de Portugual) e da vilheula (da Espanha) que se ressignificam por meio da viola machete típica do samba de roda baiano]

03:34 uma mistura muito brasileira entre música africana e européia

03:58 a flexibilidade da tradição oral x a clareza da tradição escrita

05:11 como você lidou com a natureza flexível desse material?

06:06 os sotaques locais 

07:15 a mescla de informações inerente ao processo de urbanização

07:29 o livro Ritmos Brasileiros

08:50  violonista não gosta de fazer groove


[Toca a síntese do “Jongo” que apresenta em seu livro Ritmos Brasileiros (2007, p. 36)][i]

A onda de Jongo[i] por exemplo.
O cara fez isso cinco compassos e já quer mudar, quer inventar…[i]

09:21 a estabilidade e o mantra de João Gilberto

Eu falo até por experiência própria,
pois já tive que fazer gravações com cantores
em que eu queria fazer uma levada sofisticada,
mas na gravação o produtor pede para simplificar.
Acabou ficando a levada mais simples da bossa-nova
que eu particularmente nem gosto muito,
que é aquela que tem só um elemento rítmico que é esse aqui:

por exemplo:

[toca mantendo essa mesma condução rítmica]

 

Quando chega no F7M eu já estou desesperado querendo variar e fazer

[dá exemplos de variações na sequência da harmonia]

E às vezes não é da variação que se precisa e sim daquela condução bem feita. João Gilberto, de quem falamos muito aqui, é o rei disso.
Ele mexe com a divisão da letra na melodia,
mas a levada é quase mântrica,
é de uma precisão, uma constância, que praticamente não varia.
E isso dá uma onda, um conforto.

 

João Bosco, com não menos propriedade sobre o assunto, salienta esse mesmo “amparo” que o violão proporciona à voz em João Gilberto.

 

JOÃO BOSCO

O violão que João (Gilberto) toca, instiga a canção que ele canta, proporcionando essa liberdade de ir e vir,
na polirritmia que ele usa dentro do samba.
Os atrasos, os adiantos, os acentos,

tudo é muito bem amparado,
como se o violão dissesse a ele:
– “Pode ir que eu fico aqui tomando conta.” Aí ele vai em frente.

SARAIVA
Um virtuosismo da estabilidade, uma âncora do “tempo”, do pulso rítmico.

 

MARCO PEREIRA

11:22 o ritmo está em constante transformação

11:56 Roberto Mendes e as diferentes levadas da chula

Quem me ensinou a chula foi o Roberto Mendes, que foi muito generoso comigo.[i]
Eu filmei a mão dele, que quase não mexe a mão,
ele não articula e é difícil de identificar o dedo que está tocando.
Depois passei seis meses assistindo àqueles vídeos,

tentava me aproximar também do som que saía do violão dele. Foi um trabalho duro.
Quando cheguei num resultado razoável mandei a gravação. Roberto mostrou para chuleiros de lá

que disseram: “mas essa chula tá muito boa”

[toca]

 

  1. LINK com a ideia “existe uma polaridade que se dá entre a afirmação do ritmo/gênero (…) e a hibridização” apresentada em – 6.1 – ver fazer: “Jimbo no jazz”.

  2. “Afirmamos isso com base nas nossas pesquisas. A música caipira é o maior guarda-chuva de ritmos existentes na música brasileira.” (VILELA, 2011, p.46)

  3. LINK com o jeito de tocar jongo apresentado em – 6.1 – ver fazer: o “Jimbo no jazz” – através da “transcrição descritiva” da execução de João Bosco;

    LINK com a partitura apresentada em – 6.2 – o “Jongo” de Bellinati e o Jongo de Tamandaré.

  4. LINK com a ideia “a flexibilidade da estrutura (do violão de João Bosco)” apresentada em – 4.5 – tocar junto – na execução musical de João Bosco.

  5. Roberto Mendes é um grande disseminador da linguagem, como podemos constatar no fato de tê-la apresentado tanto a Guinga quanto a Marco Pereira.

  6. A legenda e a digitação foram feitas a partir da gravação realizada para esta pesquisa.

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