MATERIAIS COLABORATIVOS

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2 – a procura do outro

João Bosco salienta o enriquecimento que o “Jobim arranjador” proporcionou ao “Jobim compositor”, e nos revela a importância do constante manuseio da matéria musical referencial composta por outros autores, que se apresentam como “matrizes” para o desencadeamento de um processo criativo pessoal.

 

JOÃO BOSCO

00:00 fontes

01:05  a procura do outro

Eu acho que foi muito interessante para o trabalho de Jobim
o fato de ele estar sempre em contato com a música de outros,
e trazendo-a para seu piano para fazer os arranjos.
No fundo essa é uma forma de se enriquecer,
que deve ter sido muito significativa para ele.

Falando por mim,
eu nunca pego o violão para fazer uma canção.
Eu pego o violão para fazer uma música de alguém.

SARAIVA
Para se lembrar de uma coisa …

JOÃO BOSCO
Isso, lembrar de uma coisa de alguém
e então começo a tocar a canção,
do meu jeito, já que não leio partitura.
Eu não sei exatamente que acorde o sujeito está fazendo,
mas eu tenho uma ideia, que começo a desenvolver.

E é nessa procura pelo outro, que você se acha. […]

02:00 Sonho de Caramujo (J. Bosco/A. Blanc) [i]

Essa é a explicação que tenho de como esses caminhos vão surgindo,
com o outro sempre nos conduzindo a algum lugar.

 

Ao nos apresentar suas referências artísticas, os entrevistados também nos “conduzem” a diferentes lugares, convidando-nos a abordar a tradição musical de dois continentes que se equilibram complementarmente no forjar da música brasileira: Europa e África. As transcrições descritivas dos exemplos musicais executados por Guinga e João Bosco são apresentadas respectivamente em – 2.3 – matrizes melódico-harmônicas, sub-capítulo que estuda relações do eixo das “alturas”, herdadas – em seu sentido harmônico – da tradição escrita europeia, e em – 2.2 – matrizes rítmicas, que trabalha as diferentes percepções de ritmo à luz do referencial africano de tradição essencialmente não escrita.

O próximo momento do texto vai ao encontro de uma figura que, como acabamos de ver, é vital para o músico que compõe canção: o letrista.

  1. Sonho de caramujo – João Bosco
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